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Quais são os desafios encontrados na alimentação escolar brasileira?

Já pensou em quantas crianças contam com a refeição que fazem na escola? Para muitas delas essa é a principal ou até mesmo a única refeição do dia. Infelizmente essa é a realidade de muitos estudantes brasileiros. 

A alimentação escolar é uma questão importante e complexa em todo o mundo, e no Brasil, um país em desenvolvimento, que não possui muitos recursos quando o assunto é educação,não seria diferente. Apesar dos debates políticos constantes para garantir uma política pública eficaz de alimentação saudável nas escolas, ainda existem muitos desafios a serem enfrentados. 

Esses desafios incluem desde questões de infraestrutura e logística até problemas de saúde e alimentação inadequada. Sabemos que, por vezes, alimentos inadequados são oferecidos aos estudantes em função da falta de verba e infraestrutura das instituições. Entretanto, este é um debate  que não apenas pode, mas precisa acontecer o quanto antes.

Pensando nisso, o Minha Vida Nova traz hoje tudo o que você precisa saber sobre o assunto. Quer saber mais? Então venha conosco e confira agora mesmo!

A escola e sua participação no desenvolvimento de hábitos alimentares.

A escola possui um papel imprescindível no desenvolvimento de hábitos alimentares, já que as crianças passam muito tempo nela e também é lá, que muitas têm seu primeiro contato com alguns alimentos saudáveis e mais específicos. Tais como vegetais por exemplo. Já que em muitas famílias o contato com esse tipo de alimento é superficial ou até mesmo inexistente.

Além disso, a manipulação e a introdução desses novos alimentos, contribui para o desenvolvimento sensorial e cultural das crianças. Uma vez que na maioria das vezes elas entram na escola ainda muito jovens, e é lá que são apresentados à ela alimentos diversos, diferentes algumas vezes do que ela está acostumada e também típicos de sua região.

A fome e a obesidade e sua relação com a alimentação escolar.

A fome e a obesidade são problemas recorrentes na população brasileira em geral. E é claro que não poderiam deixar de refletir na realidade da alimentação escolar.

Temos vários cenários nas instituições de ensino, algumas crianças nem mesmo comem na escola ou levam lanche de casa. Para outras, a refeição da escola é apenas mais uma refeição.

Mas para muitas crianças, é na escola que terão sua primeira ou até mesmo única “refeição decente” do dia. Por isso a necessidade de se ter uma refeição escolar completa e equilibrada. Contudo, equilibrar fontes de vitaminas e minerais, fibras, carboidratos e proteínas é um grande desafio, já que ali existem crianças com necessidades nutricionais diferentes.

Desse modo o foco da alimentação escolar deve ser primeiramente a qualidade, oferecer alimentos diversos e nutritivos, para dar energia e suprir carências nutricionais das crianças que contam com aquela refeição. Mas sem extrapolar na oferta de alimentos que podem contribuir com o excesso de peso de crianças que já possuem problemas relacionados a isso.

Como estabelecer a qualidade da alimentação escolar?

Buscar o equilíbrio das refeições escolares não é mesmo uma tarefa fácil. E é aí que entra a necessidade de apoio de médicos, nutricionistas e até mesmo fonoaudiólogos (para crianças com necessidades especiais) nas escolas. O desafio é trabalhar com o que tem para proporcionar a melhor formulação possível das refeições.

A meta da escola deve ser sempre oferecer alimentos não sofisticados, mas o mais naturais possíveis, como os in natura e minimamente processados. Frutas, vegetais, carnes, arroz e feijão por exemplo.

Tendo isso em vista, sabemos que os desafios para os gestores, profissionais relacionados à educação e pais são muitos. Um deles é competir com a dita “comida comercial”, como veremos a seguir.

Como competir com a comida “comercial”?

A “comida comercial” que é aquela processada e ultraprocessada. Rica em gorduras, açúcares, sódio, saborizantes, aromatizantes, realçadores de sabor e afins. É com toda certeza muito mais atrativa e palatável. O grande problema é que ela claramente não é saudável e o oposto do que uma criança deve ingerir em uma refeição.

Para crianças de famílias que convivem com falta de recursos financeiros, a comida da escola é uma alternativa, quando não a única. Já que nem sempre têm acesso às “guloseimas”. Não que elas sejam boas. Infelizmente vivemos na atualidade uma constante exposição aos fast food, uma realidade principalmente das grandes cidades.

Frente a realidade discrepante, vemos que com a vida cada vez mais corrida, famílias com condições financeiras melhores optam por comida rápida, palatável, mas muitas vezes de má qualidade.

Voltando ao meio escolar, uma das boas iniciativas que aconteceram por causa do PNAE (Programa Nacional de Alimentação Escolar) foi retirar a venda de alimentos nas escolas, diminuindo as desigualdades e também a exposição aos ultraprocessados.

Por meio da Lei nº 11.947 de junho de 2009 o PNAE busca cada vez mais proporcionar saúde e segurança alimentar e nutricional para os estudantes. Já o desafio de mudar os hábitos cotidianos das crianças e adolescentes não é somente da escola, mas também das famílias e do meio social ao qual pertencem como um todo.

Destinação de recursos para a alimentação escolar no Brasil.

O papel da alimentação escolar é nutricional, mas também social e interfere, inclusive, no desempenho escolar e cognitivo das crianças, por isso é de extrema importância.

Porém fazer com que a merenda escolar seja nutricionalmente rica, equilibrada e saudável não é algo simples. Principalmente porque verduras, legumes, frutas e carnes, que deveriam estar contidas em todas as refeições não são algo tão acessível assim.

O valor de recursos repassado atualmente através do PNAE, da união para os estados e municípios, por aluno/dia letivo é bastante limitado. Variando de acordo com a idade, período de permanência na escola e vulnerabilidade social. Sendo de:

R$ 1,00 para creches;
R$ 0,50 para pré-escolas;
R$ 0,60 para escolas indígenas e quilombolas;
R$ 0,30 para o ensino fundamental, médio e educação de jovens e adultos;
R$ 1,00 para o ensino integral;
R$ 0,90 para alunos do Programa Mais Educação;
R$ 0,50 para alunos que frequentam o Atendimento Educacional Especializado no contraturno.

Vale destacar que 30% do valor repassado pelo PNAE, por lei deve ser investido na compra direta de produtos da agricultura familiar. O que é de extrema importância para o desenvolvimento econômico e sustentável das comunidades.

O desafio de se oferecer uma alimentação de qualidade com os recursos disponibilizados para a alimentação escolar.

Pela oferta limitada de recursos, disponibilizar para os alunos uma alimentação de qualidade e suficiente é um desafio real e observável. Tanto que na “pós pandemia”, em meio ao caos econômico, algumas escolas tiveram dificuldades de comprar alimentos suficientes para os alunos.

Uma vez que devido às dificuldades financeiras de muitas famílias, o número de crianças se alimentando nas escolas aumentou e diversas instituições tiveram que racionar os alimentos.

De acordo com a Constituição, a alimentação escolar é um dever da União, dos estados e dos municípios. Sendo assim, caso, por algum motivo, a União não faça os repasses de forma correta e suficiente, os alunos não podem ficar sem merenda. Porém sabemos que perante a burocracia, até que providências reais sejam tomadas leva tempo.

Algumas escolas recebem recursos extras, como doações, por exemplo, e desse modo podem oferecer uma alimentação mais diversa, completa e saudável aos educandos, atendendo até mesmo crianças com necessidades alimentares e nutricionais especiais. Mas sabemos que essa não é a realidade da maioria delas, infelizmente.

Mas o grande desafio com o qual o meio escolar tem que lidar todos os dias é “fazer dos limões uma limonada“. Utilizar os recursos que tem da melhor forma possível, a fim de buscar a aquisição de alimentos in natura e minimamente processados e utilizá-los para planejar e fazer refeições o mais equilibradas e nutricionalmente ricas possível.

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